Quando a gente abandona
a pretensão de ser perfeito
descarta a pré-tensão por algo
que nunca será feito
A gente vira dona,
e o gênero é detalhe,
da nossa história
limpando a memória
de m’águas passadas
pelo que não se fez
ou talvez teria feito diferente
Não faria, sabe por quê?
Se faria, já não fiz, passou
E, se passou, tudo mudou
Eu não posso voltar lá
Naquele tempo
Que se transformou no hoje
Isso tá muito longe
Eu era eu, mas estava outra
O presente é que é o verdadeiro presente
Que a gente ganha todos os dias
Para escolher e ir
Pra onde a gente quer
Ninguém pode pisar
Com o meu pé
Nem a minha versão de ontem
Ou de amanhã
Posso sonhar, traçar metas
Mas a seta quando chega no destino
Já está em desalinho
Com o traçado da origem
O que encosta lá
Não tem o mesmo formato
da linha que se começou a desenhar
Do lado de cá
É a ponta da flecha
Que a gente mira
E nem sempre acerta
Onde imaginava
O destino, às vezes,
Também tem asas
Que independem da gente
Abandonar pretensões é criar extensões
Para o próprio poder
A gente vai muito mais longe
Quando aceita perder
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