Professorinha de 34 anos e aluno de 12 foram flagrados mantendo relações sexuais num banheiro escuro de uma escola de Seattle. Mary Kay, casada, com quatro filhos, foi condenada a seis meses de prisão. Uma suave pena, desde que ficasse longe do pupilo.
Desgraça pouca é bobagem: uma menina nasceu. Linda, por ser fruto do amor. Quando o marido descobriu as cartas de amor do aluno numa gaveta malandra, pediu divórcio e foi se esconder no Alasca.
Nem bem foi solta, a tentação falou mais alto, calando a boca de assexuados, vacilões, reprimidos, moralistas e apologistas de que a humanidade deve se locomover como um trem. Foram surpreendidos pela polícia numa van, dando origem a uma segunda filha e uma nova sentença, agora de sete anos.
O que se discutiu nos tribunais. O que, nos Estados Unidos, envolve indenizações vultosas. De extrema gravidade é um homem violar uma garota. Causa menos dano uma mulher abusar de um menino. Mesmo porque a idéia que as pessoas fazem do estupro não se encaixa. Não se disfarça o sexo do homem, foi concebido para ser posto pra fora, ao se manifestar, precisa estar afinado com o objeto do desejo. Se ele não estiver a fim ou for obrigado, vai ter que ser estimulado, nem que seja por conta própria. Ao contrário do sexo da mulher, para dentro. Na antiguidade, passivo e receptivo; na atualidade, se ela não o desejar, sujeita a ser estuprada por tarados que não estão à altura de ser homens.
Livre aos 42, Mary Kay quer levar agora uma vida normal. Mais uma vez, a condição era de que se mantivesse afastada desse canceriano nascido no Havaí. Mas a Justiça não contava com a indignação dele, que não sossegou até que fosse revogado esse tratamento dispensado a ela de criminosa sexual.
“Tenho agora 21 anos e, como adulto, posso conviver com qualquer outro adulto de minha escolha, inclusive Mary Kay. Mal posso esperar para estar novamente ao lado dela e juntos criarmos nossas filhas.”
O que parecia pedofilia virou amor.