A Polícia Federal conquistou um respeito e credibilidade impensáveis no país do mensalão. Mas bastou tirar a liberdade de elementos do Poder Judiciário para chover juristas acusando riscos institucionais: “desprestigiar a Justiça é rasgar a Constituição e deixar os cidadãos ao arbítrio do aparelho do Estado; a banalização da prisão preventiva é um retrocesso, com que freqüência insolente se decreta prisões de pessoas não condenadas!”
A concessão de liminares e venda de sentenças é que se tornou banalidade. O Judiciário que prende é o mesmo que solta. Mas como, se as prisões foram efetuadas por ordens judiciais de instâncias superiores da Justiça? Em bom paulistês, eles não estão se entendendo. Não adianta a Polícia Federal prender os meliantes e, no dia seguinte, a patota estar na rua rindo da nossa cara de palhaço, a tramar obstruções ao curso do processo e não ser julgado nunca como Maluf.
O sentimento é de incômodo e mal-estar porque raposas do Executivo, Legislativo e, agora, do Judiciário, estão sendo todas grampeadas com a mão na botija. Reações de ratazanas privilegiadas, não só o baixo clero, habituadas à corrupção e à certeza da impunidade.
Roubar e ficar fora do alcance da lei. Dá para o velhaco pensar e vibrar com sua mente brilhante, o gênio da esperteza, no objetivo maior de transformar os outros naquilo que já é: pústula perversora.
Mas justiça seja feita, saem bem nas fotos e vídeos de operações deflagradas pela PF. O seu caráter aparece por inteiro nos grampos telefônicos. Daí o clamor indignado de cabeças privilegiadas da nossa República por tamanha invasão à privacidade e sovietização do Estado, afinal de contas, qual a importância de ganhar uma gravata de presente para apressar a liberação de uma verba?