Perfeita a estratégia de Putin (e da Rússia) para mudar a geografia política do planeta, sem entrar no mérito da ética, e voltar aos velhos tempos em que União Soviética aterrorizava os Estados Unidos em tempo de Guerra Fria. Primeiro, asilou Edward Snowden, ex-administrador de sistemas da CIA que tornou público vários programas que constituem o sistema de vigilância global dos Estados Unidos, e acusado de roubar propriedade do governo e comunicação intencional de informações classificadas como de inteligência para pessoa não autorizada. Que lhe forneceu dados sigilosos de Hillary Clinton, para fornecê-los ao salafrário do Trump e facilitar sua vitória no pleito presidencial, ao divulgá-los em campanha – Trump e Putin, Estados Unidos e Rússia, imersos no mar de lama que os equaliza. Com o louco do Trump eleito, o mundo viraria um caos induzido por seu narcisismo, e a Rússia poderia voltar a exercer sua influência e recuperar o terreno perdido com sua ofensiva à Ucrânia, quando só colheu reprovações. Ainda mais com sua participação decisiva para liquidar o Estado Islâmico. O America First, lema de Trump, rompeu a ordem internacional criada pelos Estados Unidos após a Segunda Guerra e criou um estado febril de beligerância no planeta, fazendo com que as imensas reservas energéticas da Rússia contribuíssem para Putin ser um inevitável interlocutor. A Europa já não pode mais confiar na proteção militar dos Estados Unidos, havendo necessidade de reformular a estratégia continental. Macron sinalizou que vai ser mais simpático com o Kremlin em termos de Ucrânia, Irã e Síria, Merkel quer importar mais gás da Rússia, a Itália tripudiou sobre Trump com o resultado das eleições exaltando “Italianos primeiro”, e partindo para o fim das sanções à Rússia – sobrou para a pobre da Ucrânia. A ruptura provoca um crescente enfraquecimento das instituições internacionais, fazendo com que a geopolítica busque novos encaixes. Resultado da atual política dos Estados Unidos de se voltarem exclusivamente para si próprios, autossuficientes e ególatras num planeta que se apequena cada vez mais. Encolhendo a democracia e expandindo os regimes centrados na onipotência.
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