Será que é da idade
misturar a saudade
com o cansaço?
Disfarçar a vontade
com o descaso
e ficar de caso
com o espaço
em branco,
neutro,
cheio de vazio?
Será que é da vida
há muito tempo vivida
ficar com frio
no meio de um bando
de gente quente?
Quem foi que me tirou
a mordida dos dentes,
a língua do beijo,
a pele do arrepio?
Quando foi que o mar
virou esse rio
d’água gelada
e o meu coração-tudo
virou nada?