O impeachment é a única ocasião em que a gente tem a oportunidade de conhecer nossos representantes, os nossos deputados, os representantes do povo. Ver a sua cara, como são hipócritas, a evocar uma religiosidade e uma devoção à família típicas do conservadorismo mais rasteiro, quando 97% tem amante. Abusando do palavreado como decência, honestidade e moralidade em plena Casa Grande do Congresso, com todos os golpistas irmanados na luta contra a corrupção, contrariando a folha corrida criminal que a maioria exibe. São capazes de engavetar a Operação Lava-Jato e tirar a Dilma para pôr uma dupla de assaltantes (Temer e Cunha) comandando a quadrilha do PMDB, que ocupará o quinhão mais lucrativo dos cargos públicos. Quase ninguém discutiu a admissibilidade do impeachment e as pedaladas, como se estivéssemos no regime parlamentarista a debater a aprovação ou a rejeição do primeiro-ministro. O que houve foi uma eleição indireta para entronizar um Temer sem o voto popular. Estão banalizando o impeachment – até isso a corja do Eduardo Cunha consegue desmoralizar. Bastará, no futuro, não se concordar com a eleição de um presidente, passar a desestabilizar seu governo com uma crise política “sem precedentes”, como o moleque do Aécio fez, e promover o impeachment por má gestão, culpando as pedaladas – ah, pedalada a gente inventa! A dupla Temer / Eduardo Cunha vai cair no colo dos eleitores do Aécio como uma bomba – vai lhes custar caro o “Fora PT”. A campanha do “quanto pior o Brasil, melhor” já atingiu seus objetivos e agora o momento é de buscar a conciliação e recuperar os lucros perdidos. Mas com gângsteres? E a bandeira de Sérgio Moro de não dar trégua à corrupção, onde enfiar o mastro? A Avenida Paulista tornará a se encher para protestar contra a roubalheira da dupla de ratazanas? Convocar novas eleições seria uma saída, mas vai ser necessário outro golpe. Não vai ter golpe contra Temer, pois não passará pela Câmara de Deputados sob o cabresto de Eduardo Cunha.
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