Com que prazer e volúpia seres cegos, diante do Natal, percorrem os corredores dos shoppings, num instinto de fatal consumismo ou se investindo na figura bonachona do Papai Noel, aptos a se doarem e encherem de presentes uma humanidade que nasce carente e se ressente da falta de solidariedade ao longo da vida. Com que dificuldade cicatrizam as feridas de família e rejuntam os cacos para remontar a unidade perdida. No intuito de que a harmonia se estabeleça, há que suar sangue para acalmar os espíritos que tendem a escapar do círculo imaginário com que a família delimita onde e com quem devemos passar o Natal. Em caso de desobediência, será objeto de desconfiança e malvisto.