Fabão morre de frustração por não ter nascido capaz nem ser inteligente como seu irmão famoso. Seu pai, igualmente famoso, sempre se preocupou com o seu futuro, procurando encaixá-lo no caminho da fama. O que levou Fabão a ser assediado por gente sem talento, aproveitando-se para escalar em sua fama escorada na família. Sobretudo mulheres interessantes e interessadas em sugar dele a fama que a família empresta, sem que ele consiga resgatar a dívida e se tornar um homem de peso. Por não conseguir convencer em seus trabalhos, onde sequer se nota um rasgo de brilho. Como também no séquito que o cerca e o chaleira, a confirmar o dito popular de que gambá atrai gambá. O drama é do seu inteiro domínio e por isso despreza a turma dos anônimos, sonhando com o dia em que atravessará o Rubicão, quando assumir um caminho sem volta e se libertar da dependência à falta de talento. Como esse dia nunca chegará, alimenta um ódio mortal às imperfeições com que veio ao mundo, pondo um olho gordo de inveja nos talentosos. Do fundo de um restaurante, indo com muita sede ao pote e comendo feito um peão, mastigava de raiva. Raspava o prato com miolo de pão até deixá-lo tinindo. Ruminava como um cavalo louco para dar coices na vida.
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