O voto que pesou sobremaneira no estupendo resultado que Marina alcançou e que irá decidir a eleição presidencial no 2º turno é o voto da classe média urbana. Dividamo-la em duas categorias para efeito de simplificação. Uma que ascendeu vinda de bem baixo e melhorou muito de vida, a ponto de ter que aprender a lidar com o desfrute de novas facilidades no consumo, como viajar de avião sem transparecer que é jeca ou deslumbrada . Esta votará com Dilma, a não ser que fique besta e mal-agradecida, ignorando os reais motivos de sua ascensão para apagar de vez o que representou as origens de sua existência. A outra categoria de classe média é a que não deu certo e não conseguiu ficar rica ou sequer elevou seu padrão de vida, até mesmo empobrecendo para seus valores, restando frustrada e infeliz, para não dizer puta da vida. O que explica render-se com raro desembaraço aos atrativos do candidato dos ricos: o Serra. A despeito de possuírem uma boa base cultural, que os mantém bem informados, o torpedeamento de suas aspirações fala mais alto e querem distância da pobreza que se avizinha e os incomoda. Fazendo jus à alcunha de classe “mérdia” com que os comunistas pegavam no seu pé, por pretenderem ser mais realistas do que o rei.