Há momentos em nossa vida que somos acossados por uma sensação de inutilidade, seguida de um enorme vazio. Quando questionamos o porquê de nossa existência e nada parece fazer sentido. A tendência é a nossa atenção se concentrar no lado mais penoso da vida, que é implacável e que afeta a nós todos indistintamente: a perda dos entes queridos.
As perdas perseguem a trajetória do ser humano. Quantas oportunidades se desperdiçam em nosso relacionamento com os entes queridos! Pai, mãe, irmãos, ou seja, um grau de parentesco mais distante. Em cada relação, um universo de perdas. Nada nesse Universo acontece por acaso, já que nada funciona sem obedecer a uma lei maior, a uma razão superior. Nem mesmo a tão temida morte deve ser considerada como em oposição à vida. O que chamamos de morte é apenas o reingresso em um plano que nos tornará mais conscientes num outro contexto da mesma vida. Sendo perfeitamente possível perdermos familiares com os quais não conseguimos nos ajustar no plano físico, e que chegamos até a duvidar que nós os amássemos, para conquistá-los em espírito, com ambas as partes envoltas num grande amor, na certeza de que nunca mais se perderão. Esquecer está fora de cogitação porque essa pessoa, ou melhor, esse espírito, progressivamente, far-se-á cada vez mais presente através do amor espiritual – o mais sublime de todos. Nunca mais estará distante como em vida o foi em algumas fases, o que deixava o órfão de seu amor bastante triste.
Que ganho maravilhoso esse! Fim dos tempos de angústia por não ter sido possível fazer um contato mais humano em vida com quem você tanto precisava. Que certeza revolucionária! Por advir de uma perda dada como definitiva, face à morte encerrar toda e qualquer expectativa, mas recompensada por uma oportunidade que literalmente caiu do Céu, completamente inesperada e que não constava de seu círculo imaginário. A comprovar que não estamos sozinhos. Se disposto a perdoar, quem ama nunca se perde. Quem é capaz de se doar nunca fica só.