Os EUA ainda não creditam à luta pelo fim da segregação racial e à equivalência dos direitos civis de afro-americanos e brancos como a causa mortis dos assassinatos do presidente John Kennedy, seu irmão e ministro da Justiça, Bobby, e de Martin Luther King, perpetrados pela direita raivosa, fundamentalista e nazista. É penoso remoer na pátria da liberdade mazelas que remontam à escravidão, ocorridas na década de 60, amplamente considerada a mais revolucionária do século XX.
Assim como passou em brancas nuvens o desaparecimento, no espaço de um ano, de João Goulart, Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda, que haviam se unido na Frente Ampla para resgatar o Brasil do fascismo. Se atentados vitimaram contrários a Pinochet no exterior e, à mesma época, as ditaduras militares da América do Sul se organizaram na operação Condor para prender, torturar e matar os inimigos comuns dos regimes autoritários, quem terá coragem de investigar mortes que cheiram a extermínio encomendado de três das principais lideranças do país no pós-Getúlio Vargas?
Ainda mais que Brizola só se safou do garrote vil porque fugiu do Uruguai e pediu asilo político aos EUA. Fazendo jus à maior carga de ódio, alimentada até a raiz dos cabelos, por parte do núcleo mais hidrófobo da ditadura, o que engatilhou a bomba do Riocentro, em espantosa contradição com o grupelho que concedeu a anistia. A inequívoca confirmação de que “O médico e o monstro” não brotou do imaginário popular inglês sem mais nem menos, acostumado a lobisomens e estripadores.
É penoso remoer mazelas de um esquadrão da morte a serviço de um regime político, que veio a influenciar o código de honra de tropas de elite, milícias e traficantes, e manchar a reputação da pátria cordial nos seus piores anos do século XX.
Soda cáustica na História do Brasil! E por que não dos Estados Unidos?