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RAPUNZEL CONTEMPORÂNEA

Ela construiu um castelo
E se postou lá no alto
Com tranças de Rapunzel
E ao invés de olhar pro céu
Ficou olhando pra baixo
Procurando um macho
Para salvá-la de sua sina
De menina abandonada
Trancada em solidão.
 
Mas eis que, de supetão,
Como raio e trovão,
Ela disse “NÃÃÃÃÃO!”
E o grito ecoou na escuridão.
Então pegou a tesoura, 
Debastou a cabeleira,
Tatuou um dragão no braço
E desatou todos os laços
Daquele vestido apertado.
Botou o vestido de lado,
Livrou-se das anáguas
E ficou só de combinação,
Bem mais fresquinha.
Livre, leve e soltinha.
 
E foi assim, cheirando a liberdade,
Que ela foi explorar os campos,
Banhou-se na lagoa,
Comeu maçã da árvore,
E um peixe que pescou
Com as próprias mãos.
E só depois de caminhar,
Correr e pular à exaustão
Que ela voltou pro castelo
E foi dormir feliz.
“Amanhã, começo a trabalhar”,
Foi a última coisa que pensou.
E, pela primeira vez, no dia seguinte
Acordou com um olhar risonho
Lembrando dos próprios sonhos
E do quanto ela se amou.
Categories: Tudo
Mariana Valle:
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