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REGRAS DA VIDA

Desculpem-me as regras gramaticais,
mas nas regras da vida
o sujeito é predicado do verbo
e do tempo em que ele o conjuga.
E a oração coordenada
 – e até a subordinada –
não valem de nada
se não houver um sujeito
e um verbo para se apoiar.
A vírgula é o que há
para separar pessoas,
para dar tempo
de respirar numa boa.
O ponto final não é final,
aqui na vida é começo,
e, se não estou errada,
ou se muito não esqueço,
o futuro do pretérito
é o sonho que não se realiza.
Os adjetivos, alguns dizem,
são supérfluos em certas frases,
mas há fases na vida
em que só eles contam.
E se todas as setas apontam
para o maldito verbo,
na vida, o que vale
é sempre o sujeito,
e a gente fica sujeito
a conjugar no plural, sempre.
Por isso, desculpem-me as regras gramaticais,
mas o que me vale na vida
é não ter regras jamais.

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Antonio Carlos Gaio
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