Não saio de casa, apenas para diariamente caminhar por 20 a 30 minutos às sete da matina, fugindo do contato com o ser humano para evitar o contágio. Fator que causa terror, embora eu não seja paranoico. No fim de semana fico sozinho, mas durante os dias úteis tenho uma auxiliar, comigo há mais de 20 anos, que cuida da casa e prepara minha comida balanceada por uma dieta saudável e adequada ao meu atual estado de saúde. Depressão não faz parte de meu cotidiano, mas confesso que no confinamento, ao se apagar o sábado até domingo, ela se aproxima perigosamente. Embora eu, como escritor, tenha a salvaguarda de escrever diariamente, graças ao apoio presencial de meus mentores espirituais, para me socorrer. Aos quais eu correspondo fielmente ao renunciar a meus desejos e vontades escapistas em benefício do que orientam sobre o que tenho para escrever, sem perguntar aonde isso tudo vai me levar. É produzir, concatenar, organizar, me expressar e sentir prazer. Mas o confinamento a que o vírus nos obriga a obedecer, senão corremos o risco de morrer, tenta cortar essa ligação direta com Deus. Ligação essa que toda a Humanidade tem acesso e deve desenvolvê-la como missão de cada um para que seu Espírito prossiga evoluindo em muitas vidas. O confinamento que provoca depressão no domingo destinado por Deus para nosso descanso mental e físico pode provocar um confronto com a ameaça do coronavírus, para o qual não nos preparamos ao longo de nossa existência, seja ela ainda curta ou longa em excesso. Tudo isso é muito novo e assustador, ainda mais que se junta a outras questões e dilemas que enfrentamos desde que nos entendemos por gente. Costumamos reagir mal cobrando uma resposta pronta e rápida. Quando o confinamento não tem dia e hora para terminar. Isso é o que nos aterroriza, pois sonhamos com a liberdade dos pássaros, que migram quando as condições não mais lhes são alvissareiras. A força da gravidade impera em nossas referências, nos fixando ao solo e limitando nossos voos. Por não conseguirmos alcançar a fluidez e leveza dos Espíritos, nos deprimimos com a prisão a que o confinamento nos reduz.
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