Depois de ter afirmado a um jornal estrangeiro que Dilma é uma pessoa honrada, FHC disse no day after às manifestações que “se Dilma não renunciar, assistiremos à desarticulação crescente do governo e do Congresso, a golpes de Lava Jato; seu governo é legal, mas ilegítimo, pois falta-lhe base moral, corroído pelas falcatruas do lulopetismo e contaminado pelos malfeitos de seu patrono Lula”. Para não abordar a bipolaridade crescente em FHC, constrangedor em sua provecta idade de 83 anos, ilegítimo foi FHC aprovar a reeleição no Congresso com votos comprados e se beneficiar do instituto, quando só o próximo presidente é que poderia fazer jus ao benefício, segundo elementares leis do Direito. Com o martelo do Supremo Tribunal Federal batendo em seu favor, numa adesão ao Príncipe, o que bem demonstra a quantas anda a decantada isenção do Poder Judiciário. E sob os aplausos da mídia, sempre tão ciosa do respeito à lei, da ética e da moralidade pública, mas também de ter um presidente que defenda seus interesses, a ponto de liberar um empréstimo do BNDES (dinheiro público) para as Organizações Globo – que não precisava disso para se sujar. Quanto à renúncia, é a maneira torpe, rasteira e hipócrita de que FHC se investe para desmoralizar e humilhar seus adversários com sua vaidade a inflar sua mania de grandeza. A mula sem cabeça em que FHC se transformou deveria, ao menos, lembrar que nem Lula nem Dilma compraram suas reeleições e que, no seu governo, as pesquisas mostravam índices abaixo da crítica face à inflação ser maior do que agora e a taxa de juros, o dobro da atual. Ou admitir ter cometido estelionato eleitoral ao desvalorizar o dólar logo depois de reeleito, resultando na prisão, pela primeira vez, de um presidente do Banco Central. E que nem por isso FHC pediu para sair ou confessou sua incompetência ou fez um mea culpa. Menos mal que sobrou um boneco inflável de Lula, vestido de presidiário, como símbolo da causa da direita empedernida, para servir de bucha de canhão à dor de cotovelo que alimenta FHC nos seus últimos dias de Pompeia. Para derrotar Lula, só outro Lula, o ato falho. O boneco pode enraivecer o eleitor de Lula e se constituir numa faca de dois gumes, sobrepondo o verdadeiro sobre o falso.