É quase obrigatório sair esbanjando alegria no Réveillon. No entanto, a tristeza e o luto podem encobrir os festejos de fim de ano como um eclipse do sol: um ente querido que se foi há pouco tempo, uma união desfeita, a perda de um grande amor. A data pode até coincidir com o aniversário de um evento especialmente desolador e marcante. Ou provocar um baixo astral por remeter a uma época mais feliz, de família reunida – sem divórcios, confrontos ou mortes.
Um luto que não pode ser negado. A pessoa ainda está tateando no escuro buscando ressignificar os acontecimentos mais duros e reconfigurar a sua vida. A cicatrização da alma não se dá de um dia para o outro.
Quando vem uma avalanche de gente, emoções e euforia invadindo seu espaço de animal ferido, regidos pelo tempo calendário ou dimensão do relógio, restritos ao tempo subjetivo de cada um e despejando sobre si angústia e ansiedade por dias melhores e mais felizes para saudar o novo ano com fé e esperança.
Réveillon ou no dia em que se exige ser feliz, a ditadura da felicidade é nociva para quem ainda precisa lamber as feridas. Contudo, já basta o ano inteiro de sofrimento. Só lhe resta se enfiar debaixo das cobertas e tapar os ouvidos para que os fogos de artifício não infernizem o seu Feliz Ano Novo.
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