O casamento recebe infindáveis manifestações de que deve ser preservado a todo custo, segundo a ex-coelhinha da Playboy Nicole-Smith, que viveu longos e felizes 14 meses com o magnata do petróleo Howard Marshall. Ele a conheceu num clube de strip-tease, se apaixonou, encheu-a de mimos, a tornou sua inseparável companheira na fortuna, e morreu na flor dos seus 90 anos, deixando fulos de inveja seus filhos.
Urubus de herança não conseguem enxergar que não existe coisa melhor no mundo que conhecer Punta del Este numa excursão organizada para apaixonados por roletas e bacarás. Paixão por paixão, a gaúcha Marinalva preferiu o carioca Zorba ao conhecê-lo no avião, com quem seu marido Stefanini batia animado papo. A conversa rendeu tanto que Zorba escolheu a suíte ao lado do casal.
Lazer é jogo para o workaholic Stefanini. É mais um brasileirinho que encara a jogatina como a solução de nossos problemas: fazer uma fé é do jogo do bicho e a bolsa de valores prega o verdadeiro valor de nossas ações. Quem tem telhado de vidro não pode atirar a primeira pedra, senão atinge o Jockey Club e as loterias em que o governo incentiva o otário a pensar grande e, rico, esmigalhar a barata que um dia já foi do seu tamanho.
As mulheres preferem o jogo do amor. Partiu o homem ao meio ao pôr os olhos em seus lábios que se contorciam ao falar. Homens não se seguram quando serpentes se enroscam e atiçam-no com a língua, o dente afiado não assusta. Zorba deixou um espião de olho no banqueiro que iria ser traído. Experiência é tudo, seguro morreu de velho.
O que ele não contava é que Stefanini fulminaria o famoso ditado, sorte no jogo, azar no amor. Ao perder 15 mil dólares, procurou sua mulher desesperadamente para afogar as mágoas nas delícias do sexo – desde que útil, o casamento pode propiciar alguma espécie de prazer. Buscou-a em vários apartamentos, inclusive de conhecidos. Quanto mais refinava o faro, mais se desesperava. Até se dar conta de que o pecado mora ao lado.
Escolado, Zorba já batera em retirada deixando para trás a descabelada Marinalva e cruzou no corredor com o desnorteado Stefanini, que passou batido, pois só tinha olhos para o flagrante. Quando descobriu o quarto, o elevador já tinha levado Zorba, só lhe restando espancar a porta. A invasão era iminente.
Lembrando-se que tem uma filha de 7 anos com o banqueiro e desesperada pelo fato de o marido flagrá-la na cama do amante, sozinha, tentou pular a cerca ao passar para a sacada vizinha, que era a sua. Sem hesitar, nem por um instante, no salto para a hipocrisia. Do 20º andar, esborrachou-se.
É mais uma alma que perde as inúmeras chances que a vida oferece para morrer por amor.