O presidente Lula se profissionalizou ao dividir o discurso entre o texto que lê num moderno teleprompter e o improviso. Até quando ele vai agüentar depende da capacidade de Geraldo (Alckmin) provocá-lo. Reparem na diferença:
Teleprompter: Hoje, as vozes do atraso estão de volta. E como não têm uma boa obra no passado e nem propostas para o futuro, fazem da agressão e da calúnia as suas principais armas. Nos lares, nas praças, nas fábricas e nos campos, o povo está dizendo que não os quer de volta. Mas eles nunca escutaram a voz do povo e, obviamente, não vão querer escutá-la agora!
Improviso: O povo pobre desse país precisa de nós, e nós vamos lhes atender mais uma vez! Mostramos ao mundo que um trabalhador tem condições de dirigir com competência um país da importância do Brasil. Que pode fazer isso governando para todos e sem trair os interesses da população mais pobre.
– Não pode, isso não pode – FHC se irrita com a ambigüidade da postura política de Lula, que beira a esquizofrenia.
– Eles estão cacarejando sobre os ovos postos por outros – o que tira FHC do sério é o Lula reclamar da herança maldita, mas reproduzir o ideário neoliberal com um requinte ainda maior de perversidade.
FHC é um sujeito sério, culto, equilibrado, um verdadeiro professor. Não se conforma com a bazófia, a garganta de um tipo de governo do “eu, eu, eu”. Como Lula ousa fazer comparações com o seu governo? Se é um homem que sente prazer em fazer política para os pobres porque não dão trabalho nem protestam. Mesmo tratados como animais em hospitais públicos, mantidos em banho-maria com o baixo nível de ensino e reduzidos a uma estreita convivência com graves focos de criminalidade.
A ocasião faz o ladrão. Cabe, portanto, o direito de defesa à chapa Alckmin-José Jorge. Acusam Lula de bêbado, de não ler um livro sequer e o associam à roubalheira do PT. Insinuando um caráter de vagabundo quando o instigam a pegar no batente.
O ébrio reage se provocado. Aquecido pela alta nas pesquisas, o PT mudou o mote da campanha. O slogan que ficou famoso em 2002, “Por um Brasil decente, Lula presidente!”, foi substituído por “Lula de novo, com a força do povo!”, mais baseado na sua popularidade. A estratégia é mostrar a linha direta de Lula com a população mais pobre do país.
No desenrolar da campanha, Lula fará pouco da inteligência de FHC – seu maior bem. Procurará sangrá-lo através de sua vaidade. Em retaliação à ameaça do impeachment, evitado graças ao apoio popular.
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