Pelo que se constatou no confronto com o Movimento do Passe Livre, os quase 20 anos de governo tucano no estado de São Paulo não mudaram a mentalidade de truculência de sua Polícia Militar, cunhada a ferro e fogo pela ditadura militar através da figura detestável de Erasmo Dias, secundado por Rubens Tucunduva e outros meganhas, com Maluf dando prosseguimento com a Rota. E o eleitor paulista assinando embaixo com seu voto conservador para, só agora no século XXI, descobrir que o mundo mudou e os métodos têm que ser mais inteligentes do que priorizar a repressão. Precisou dos bandidos saírem matando policiais no meio da rua faz pouco tempo, arrastões obrigarem donos de restaurantes a se reunirem na iminência de atenderem na base de portas fechadas e apenas uma portinhola para identificar o cliente da casa, quando São Paulo é de uma grandeza tal que não pode partir para enfrentamentos dessa ordem com iphones filmando tudo e disseminando sua imagem para o mundo através das redes sociais. Não é mais época de São Paulo se orgulhar de ser a locomotiva do país e sim de negociar, de não mais se impor discricionariamente, de adotar mais políticas sociais de forma a aproximar a sociedade, em toda a sua diversidade, dos poderes do Estado. Há que procurar entender melhor as diferenças sociais, ainda graves e discrepantes no país, e o grito de insatisfação que ecoa das ruas, do que tratar como caso de polícia militarizada os problemas sociais.