X

SE NÃO VIVERMOS DE UTOPIA, VAMOS VIVER DE QUÊ?

Os protestos são apartidários, apesar de oportunistas safados quererem tirar partido. Provêm da descrença dos jovens – ou, ao menos, de cidadãos com espírito mais arejado – em relação aos políticos. Contudo, não é um movimento propriamente contra os políticos e sim contra a mentira, deslealdade e desonestidade com que se pratica a política no Brasil. A despeito de cada um de nós termos nossos desafetos no quadro geral dos investidos com mandatos. O movimento sente ojeriza dos políticos e dos partidos que, se pudessem, procurariam cooptar, instrumentalizar, manipular as manifestações, senão enganar a massa, trazendo a juventude para dentro do Estado. Escancaram a indignação e a paciência esgotada com as velhas práticas, longe, muito longe mesmo, de atender aos anseios da sociedade. Pode ser que os manifestantes, nesse particular, não estejam com os pés no chão, a julgar pelo lema básico: escolas e hospitais no padrão Fifa. Mas, se não vivermos de utopia, vamos viver de quê? Os ataques aos palácios de governo não são uma mera ação baderneira ou puro anarquismo e objetivam que políticos tirem proveito do movimento, deixando-os numa saia justa. Só a luta dos que se encontram por baixo é que pode derrotar os interesses impostos de cima. A intransigência dos governantes teve de ceder às ruas tomadas, às barricadas e à revolta da população, repercutindo no País. O que está acontecendo não foi previsto por nenhum bruxo ou cientista político. Quem sabe se não é um sinal de novos tempos para o Brasil?
Categories: Croniquetas
Antonio Carlos Gaio:
Related Post

Este site usa cookies.