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SEJAMOS CIVILIZADOS!

Certa vez, um aluno perguntou à antropóloga Margaret Mead o que ela considerava ser o primeiro sinal de civilização em uma cultura. O aluno esperava que a antropóloga falasse a respeito de anzóis, panelas de barro ou pedras de amolar. “De forma alguma, o primeiro sinal de civilização numa cultura antiga era a evidência de alguém com um fêmur quebrado e cicatrizado,” disse Mead, explicando que, no reino animal, se fraturar a perna, você morre. Pois não pode correr do perigo, ir até o rio para beber água ou caçar comida. Mesmo sendo um leão ou uma pantera, é carne fresca para os predadores.
Nenhum animal sobrevive a uma perna quebrada por tempo suficiente para sentir o osso sarar. Um fêmur fraturado que cicatrizou é evidência de que alguém empregou seu tempo para ficar com aquele que caiu, tratou de sua ferida, encarregou-se de sua segurança e cuidou do doente até que se recuperasse. “Ajudar alguém durante a dificuldade é onde a civilização começa”, assevera Mead, “civilização é ajuda comunitária”.
Ajudai-vos e socorrei-vos uns aos outros, mas que a voz daqueles que não estão mais na Terra também se faça ouvir para vos gritar e vos instruir quanto à reencarnação, uma variante da ressurreição em outro corpo, e quanto à vida ser a prova escolhida durante a qual vossas virtudes cultivadas devem crescer e se desenvolver como a madeira do cedro.
Se homens ingratos se desviam do caminho reto é porque se perderam em ásperos atalhos da incredulidade, bem próprio da raça humana. Mas forçoso observar que chega sempre um instante na trajetória dos incrédulos, no qual são constrangidos a recorrer o que existe de mais precioso no terreno da crença. Os próprios materialistas não escapam a semelhante impositivo pela sobrevivência humana, requisitando em contingências extremas o socorro do dinheiro, da ciência eventual, de posições convencionalistas, que auxiliam, mas não salvam.
Também pudera, a miopia terrena somente entende salvação como vantagem imediata; um leve desgosto ou uma desilusão útil já provoca torrentes de lamentações improdutivas. Os animais ainda procuram ir em socorro dos filhotes ou dos da mesma espécie, quando atacados, mas o ser humano carece de um serviço de salvação de sua alma para mantê-lo a salvo de sua ignorância, que os leva a investir uns contra os outros.
Uma ajuda comunitária dirigida essencialmente aos homens fracos de caráter, munidos de uma tocha que a clemência divina colocará em vossas mãos para iluminar vossa trajetória e vos reconduzir, tal como crianças perdidas, aos braços de vosso Pai. Afastando as sombras de vossa inteligência, que vos fragilizam e vos põem à mercê de Espíritos erráticos. E construindo uma civilização de verdade!

Antonio Carlos Gaio:
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