Heloísa Helena é senadora das Alagoas, não da República de Alagoas como qualquer Estevão mal-intencionado, bem apessoado e à altura dos critérios que nortearam sua fortuna, possa vir a difamá-la.
Senadora, não dê ouvido a ecos que vêm do Congresso respaldados em grotões de eleitores que só enxergam o homem como animal reprodutor que nem fazer sexo direito sabe.
É do conhecimento público que a senhora não é chegada a uma assessoria que a poupe dos atritos, assim como José Dirceu ou Genoíno preservam o Presidente Lula. Nem se perturba com a imagem de Joana D’Arc ao servir de bode expiatório do PT, na mais pura tradição de acender a fogueira para mostrar aos outros o caminho da roça para a turma da Moniquinha, a turma dos línguas soltas.
A senhora não pode desconhecer o marketing, mesmo porque, ao vestir jeans e camisa branca nas sessões do Senado, cria um tipo ao melhor estilo de estudante guerrilheira que não larga o Diretório Estudantil. Consulte o Inocêncio, aí do lado, enfiado em sandálias do frevo e maracatu, ou para que não vire uma onça com mais uma discriminação odiosa ao Nordeste, consulte, lá no sul, a Ester Grossi com seus cabelos ora roxo, abóbora, verde, vermelho.
O povo fala, a senhora sabe, amarrando a cara ou não. Se nos irritamos quando provocados, aí mesmo é que um apelido pespegado pega, o sarcasmo incorpora e o deboche encrua.
A senhora foi a parlamentar que mais se destacou nas últimas CPI’s, imprensou na parede o senador amigo fiel de Collor e o vetusto ACM, ao melhor estilo de Davi contra Golias, de que tanto se orgulha, aí inserida no perfil quixotesco de Antonio Conselheiro e Maria Bonita com seu amado Lampião.
Está claro que merecia capa da revista Veja consagrando a Senadora 2002, pois virou manchete e globalizou o fascínio que a fraude no voto ainda provoca nos políticos, até dentro de seu próprio galinheiro. Mas a prestigiosa revista resolve redimir-se do erro e explorar, em matéria de relevo, seu medo diante da desesperança de um mês do governo Lula. No pressuposto de que diabetes vende mais, Veja perdeu a chance de explorar na capa sua inocência, o que justificou o apelido de freirinha, em razão de seu vestido vermelho na posse.
Sei que V. Exª. está pouco se lixando para essas convenções e ultrajes, quanto mais azucrinarem, aumenta sua vigilância no projeto Fome Zero, a ter de romper o histórico assistencialismo com geração de emprego, qualificação de trabalho e organização em comunidades. No perfil tecnocrata da equipe econômica, preocupada em repetir a tabuada do FMI ao engatinhar os primeiros passos, sem diferençar da matemática financeira anterior. Na aposentadoria do presidente do Banco Central que não salga o déficit da Previdência, pois que pago com os dólares do Bank of Boston, mas alevanta a seguinte questão que faltou na sabatina ao executivo brasileiro mais bem-sucedido no setor bancário internacional: milionário pode militar, ser companheiro, prestar continência ao Brasil – ou ao ex-patrão? -, nas alegrias e nas doenças, até que a próxima eleição nos separe?
Contudo, senadora, todos estão a observar que sai fumacinha dessa cabeça, e não é para avisar que “habemos novo Papa”. Não perca o bonde da História, o momento é ímpar para o Planalto descer do Olimpo e semear, mesmo que os que plantam não colherão. Convido-a a refrescar sua moringa em Ipanema, no Carnaval, num de seus redutos no Posto 9, e aplaudir conosco o pôr-do-sol do Rio em sintonia com o Corcovado e o corpo dourado da carioca da gema, ao som do apito do samba, que vai começar, e do cachimbo da paz.