Decisão histórica do Supremo Tribunal Federal de acabar com a exigência de autorização prévia para a publicação de biografias, tirando o papel ridículo de censor das mãos de escritores e artistas em geral, bem como de suas respectivas famílias, quando já falecidos. Para se rejubilar e depois exclamar: “Esse cara sou eu!”. Ao que Paulo Cesar de Araújo, autor de “Roberto Carlos em detalhes”, replicou com “Daqui pra frente, vai ser tudo diferente”. A liberdade de expressão esmaga o direito à privacidade de uma elite intelectual, com o perdão da má palavra, e os brasileiros conquistam o direito de livre acesso ao gênero literário mais procurado pelo leitor, bem como historiadores, pesquisadores e escritores darão prosseguimento a inúmeras obras postergadas ou interrompidas em consequência do desejo de encobrir a perna mecânica de Roberto Carlos, suas orgias sexuais durante a Jovem Guarda, ao lado de Carlos Imperial e Erasmo Carlos, para, anos depois, sacralizar sua mulher Maria Rita, falecida prematuramente. O desejo de ocultar o abandono da vida monástica de Manuel Bandeira em 1922, para ele usufruir no movimento modernista, ora em voga, os prazeres da boemia e se ver cercado por mulheres, embora fosse um dragão de horroroso. Quem desconhecia que Lily Safra era uma alpinista social e deu o golpe do baú para ser milionária? O desejo de manter em segredo que Mick Jagger comeu Luciana Gimenez no canil da mansão dos Monteiro Carvalho, às três da manhã, durante uma festa em sua homenagem. O que o malandro dos malandros não sabia é que era o dia mais fértil de Luciana no mês, que planejou tudo muito bem para dar o bote e engravidar, beliscando uma gorda pensão à custa do filho e virar celebridade internacional. No seu DNA, a filha do maior cafajeste que já houve na praça, Jece Valadão, que se acostumou a confundir ficção com realidade ao encarnar canalhas como personagem eterno de Nelson Rodrigues. Isso é História concernente à trajetória de pessoas famosas e que desperta muito interesse no leitor, sempre atraído por reinados, princesas e ogros. Embora aparentemente possa parecer mera fofoca. A última palavra é sempre do leitor e não de censores do naipe que deseja “que tudo vá pro inferno”.