Fazer qualquer programa contenta seu espírito, se são amorfos, destituídos da natureza intrínseca que a todos nos cria. Ou então, já nascem assim, onde qualquer prato os satisfaz, se a vontade foi feita para matar a fome. Se para elas serve qualquer coisa, mas não vão pra cama com qualquer um. A escolha gera o medo de não ser atendido. Para que o grande vôo, se vier a quebrar a cara? Se a grande ambição inevitavelmente pira e desconcerta, tirando o norte de quem se vende por qualquer desejo. Se é melhor se restringir a fazer o que você dá conta do recado. Para que discutir cinema com quem achou “Benjamin Button” pavoroso? Se tem gente que não enxerga novidade nenhuma inverter o tempo no sentido anti-horário e nascer velho para morrer novo? Pura perda de tempo se ocupar com brigas, baixarias e discussões. Se o mundo se encontra em franco desequilíbrio e jamais chegaremos a um acordo. Se não há mais espaço para notar o que passa debaixo de seu nariz. Então, como ousas dizer que estou aqui parado, esperando Beckett, se contemplar já é o bastante? Onde impera a falsidade, homens retidos em seus corpos que evitam ao máximo a integração com o restante da humanidade, tendo em comum o desprezo por seres sem ambição, na construção de um mundo sem saída.