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SINCRONICIDADE
A extraordinária descoberta de Jung a respeito da sincronicidade cai como uma luva na espiritualidade. Em seus estudos e observações ele encontra uma correspondência entre o inconsciente e o que circula no mundo exterior – aumentando a escala, no Plano Espiritual. A coincidência no tempo de dois ou mais eventos sem uma causa comum que os vincule e explique por quê, ao final, são a mesma coisa e trafegam no mesmo canal com igual sintonia. A sincronicidade é um princípio aparentemente sem relação de causa e efeito. Convida a se manifestar o todo-poderoso Inconsciente, uma percepção desenhada através de imagens desprovidas de pensamento e que gera seres ou objetos confusos, cuja natureza não se pode precisar. Parecem caprichos de sonhos fantasmagóricos que esvoaçam e nos visitam sem a menor cerimônia, atraindo imagens de nossos primórdios que podem corresponder a temas mitológicos presentes em contos de fada e lendas populares de épocas e culturas diferentes. Jung denominou-os de arquétipos. Fermentam o inconsciente no propósito de formar o nosso arsenal psicológico, povoado tanto de fantasias individuais quanto de conteúdos de reencarnações ou de experiência psíquica humana de vidas passadas, transmitidos hereditariamente junto com a estrutura cerebral. Sedimentos de experiências constantemente revividas pela humanidade que compõem o inconsciente coletivo de Jung, herança humana universal cujo centro nervoso funciona em sintonia com o Cosmo, do mesmo modo que o corpo humano apresenta uma anatomia em que todos os vasos se interligam e se intercomunicam.
É o inconsciente que abre as portas para a sincronicidade em oposição à nossa consciência, que se acomoda dentro de certos limites condicionados ao papel que desejamos representar. Os arquétipos, ao reencarnarem, refletem o processo através do qual o indivíduo vai descobrindo quem ele realmente é, se capaz de tomar consciência desse desenvolvimento, influenciá-lo e levá-lo à frente. Um processo de cura pela transformação da alma e do mundo à sua volta.
A sincronicidade é sempre um novo impulso em nossa jornada evolutiva, renovando a esperança na certeza de que, por trás disso tudo, existe uma força que nos guia e protege. Melhor faríamos se estivéssemos abertos para sentir e seguir os sinais com que a sincronicidade nos alerta, desde que o controle do ego afrouxe as amarras e permita que experiências se manifestem e consubstanciem nossa realidade, não deixando margem à dúvida de que existem muito mais coisas no Céu do que no vão ateísmo, no qual só podemos provar o que permanece dentro dos estreitos limites da razão.
Coincidências não existem. Se, por acaso, sonhos e outros fenômenos acabam se reproduzindo em nosso cotidiano com o mesmo significado intuitivo, é porque trazem embutida alguma mensagem em especial para quem os vivenciou. Não são acontecimentos fortuitos e sim sincrônicos, que vêm para nos sinalizar caminhos por onde conseguir oportunidades de crescimento que, na maior parte, aceleram o nosso processo evolutivo ou nos preparam para quando o futuro vier e tivermos de intervir nele. Portanto, há que tornar às águas rasas e aceitar que certas coisas não foram feitas para serem explicadas nem muito menos dissecadas. Apenas desempenham a função de uma seta apontar um caminho. Se despendermos muito tempo em busca de esclarecimentos, poderemos perder a magia e a relevância do que estão querendo nos mostrar ou dizer. Se nos apegarmos demasiadamente aos detalhes, jogamos fora o significado do Todo.
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Antonio
Carlos Gaio
Um Comentário para SINCRONICIDADE