Feliz do país que é capaz de gerar um Joãosinho Trinta e, posteriormente, um Paulo Barros – dois grandes mestres e gênios da nossa cultura popular. Joãosinho, dançarino de balé clássico, o figurinista, artesão e diretor de arte que consubstanciaram o carnavalesco que ganhou o bicampeonato pelo Salgueiro em 1974 com O Rei de França na Ilha da Assombração e em 1975 com O Segredo das minas do Rei Salomão, transferindo-se para a escola de samba Beija-Flor, onde criou enredos ousados e luxuosos que deram à agremiação de Nilópolis os títulos de 1976, 1977, 1978, 1980 e 1983. Além de vários vice-campeonatos que lhe proporcionaram mais fama ainda, dentre eles os de 1986 com “O mundo é uma bola” e o de 1989 com “Ratos e Urubus, Larguem a Minha Fantasia”, gerando controvérsias com a Igreja Católica ao tentar levar ao desfile uma imagem do Cristo Redentor caracterizado como mendigo.
Paulo Barros é também orgulho do país por sua criatividade e por não ter medo de cair no ridículo com suas inovações que revolucionaram o desfile de escolas de samba, a ponto de chegar num nível em que não é mais comparado com outras escolas e sim com o Paulo Barros de outros anos, em que ganhou pela Unidos da Tijuca em 2010, 2012 e 2014.
Triste do país que tem brasileiros com vergonha do Brasil e anseiam morar em Miami, sem a menor identificação com a nossa cultura popular, e que não se cansam de repetir “Só podia ser no Brasil!”, quando se referem aos malfeitos que se repetem ad eternum. São dois Brasis que, cada vez mais, menos conversam entre si e divergem sobre que modelo aplicar-se à Nação.