Mais do que o impacto das tecnologias de espionagem em nossas vidas cujo sistema está roubando de nós o direito à privacidade, é a questão de que não há por que esconder se não temos mais o que esconder, salvo se julgamos apropriado encobrir a falência espiritual de nossas vidas -em progresso assustador. O lucro é um bem transitório e, se prolongado, acarreta males aos seus descendentes. E se a tecnologia é invasiva, por excelência, tal como um vírus, é para sinalizar que estão se esgotando as possibilidades de guardar para si o que te aborrece, o que te frustra, o que te deixa infeliz. Não dá mais certo e não é mais de grande valia ficar ensimesmado – melhor compartilhar. Daí o sucesso do Facebook, o medo de alguns em ingressar e se exporem, ao contrário de outros que externam sua imensa insatisfação, travestida de política, com os rumos que o mundo está tomando. A globalização contida na rede fascina e facilita a exposição de feridas e fraturas que bem demonstram a alma alquebrada no seu desnorteio completo em busca de soluções prontas ou fórmulas rápidas para resolver seu quebra-cabeça. O que o deus da tecnologia está a dizer é que não adianta guardar mais nada para si. Não nos irá fazer feliz. Somos um convite à invasão para desbravar nosso inconsciente atormentado por perguntas sem respostas.
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