Ele foi ensinado, ainda bem criança, a respeitar muito o sexo oposto. Acabou adquirindo tamanho escrúpulo que, ao ver uma menina sem calcinha, virava o rosto, como se pelo simples olhar uma mulher despida ele já fosse um tremendo mau elemento. Foi censurado, ridicularizado várias vezes, por pretender fazer amizade com garotas na sua adolescência. Tornando-se um tímido fora do comum, a ponto de ser considerado um retardado. Passou os melhores anos de sua vida em casa, sem sair para nada! Mulher? Nem pensar! Morria de vergonha. Viciou-se em masturbação. Foi alvo de chacota a três por dois, inclusive de mulher. Hoje, aos 50 anos, constata o triste desperdício marcando bobeira, pois sempre viveu como se o sexo oposto não existisse ou fosse apenas para homens privilegiados ou que nasceram com esse dom, já que não se julgava merecedor da atenção e dos carinhos de uma moça. Achava-se feio e inferior a todos os demais rapazes. Não conseguiu dar o pulo do gato. Imagine, se abolido o medo, como não seria o mundo.