Estamos no limiar de uma era em que pensar e resolver problemas não é mais suficiente dentro do modelo educacional. Hoje, qualquer pessoa pode acessar, duvidar e até mudar uma informação. Não cabe mais continuar num modelo como se o professor guardasse o cálice sagrado do conhecimento. O foco na criatividade estimulado pela tecnologia e pelo menor apego aos valores tradicionais de família encorajaram jovens a pensar muito diferente do contexto em que foram criados.
O que obriga o mundo globalizado a reescrever a narrativa das escolas. Sem negligenciar, é claro, o conteúdo das matérias tradicionais, mas invadindo outras praias – a transdisciplinaridade. Os alunos precisam saber como aquilo que aprendeu está conectado com sua vida cotidiana. Demanda essa que trouxe à tona estudar em ambientes externos, ter contato com atividades práticas e fazer uso intensivo de tecnologia. E efetivamente abrir as portas ao pensamento crítico, cujo mote é capacitar o estudante a lidar com a variedade de informações e descobrir o que fará com isso tudo.
Alcançar essa utopia exige que os professores saiam da zona de conforto e rompam com a forma tradicional de ensinar, o que, num primeiro momento, pode assustar, ao se vislumbrar que quem experimenta essa nova narrativa não quer mais voltar atrás.
Lembro-me de que, quando era universitário, passava muito tempo na biblioteca tentando ler uma penca de livros para mal encontrar uma minúscula informação que buscava. Agora, basta o Google para, em décimos de segundos, ele fornecer milhares de respostas que nem conseguimos dar conta e nos angustia. Em contrapartida, nossa paciência diminui se a pesquisa resulta em informações que demonstram apenas ser restolhos de cultura. Por outro lado, se demoramos mais de um minuto para acessar a internet quando ligamos o computador, ficamos furiosos.
Não é fácil manter a persistência nesse ambiente com tantas informações que fluem ao mesmo tempo de todos os lados. E não há como voltar à situação em que o professor é o único conhecedor, a única fonte, o único guia.
Estamos vivendo uma crise de déficit de atenção, de persistência e de paciência, carecendo de habilidade para ocupar um local estável e sólido num mundo que está em constante movimento. Quando temos tanto que aprender.