Todos que exageram no falar demais e demonstram ser ferinos pagam com a língua mais cedo ou mais tarde. A agressividade não leva a lugar nenhum. E, se tiver um mínimo de bom senso, vai se arrepender. Mesmo que a crítica proceda. Porque pode ser dita de outra maneira sem procurar atingir o calcanhar de Aquiles do adversário, que deixou de ser seu amigo. Por mais que ele mereça o troco, sobre o passado se jogará um alvejante para branquear as cores da disputa e apagar os sinais de uma amizade que não resistiu à ação do tempo. Por não ter sido possível passar a limpo por desnecessário parecer à ocasião. Está provado como é fácil incidir em erros na vida! Evitar nem sempre é a melhor alternativa. É raro dizer adeus, de frente, sem ironia, para quem não vale a pena prosseguir na amizade. Preferem-se os desaforos, ressaltar a insanidade e apunhalar a moral alheia, aproximando-se do desforço físico, do que a sinceridade, olho no olho, a revelar o que mais incomoda um ao outro. E se um belo dia esse vulcão, julgado extinto, eclode, é tarde demais para conter seus efeitos. O mais claro exemplo disso foi quando o vulcão Vesúvio soterrou Pompeia em 79 d.C., petrificando sua população a ponto de seus vestígios permanecerem até hoje intactos. O maior castigo de que se tem notícia aplicado a quem foi longe demais e pagou com a língua.