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TODOS OS HOMENS DE DANIEL DANTAS TÊM O SEU PREÇO

A Polícia Federal prende, o Supremo Tribunal Federal solta. Primeiro foi o ministro Marco Aurélio, que deu asas a Cacciola. Agora é Gilmar Mendes, que propiciou a chance do também banqueiro Daniel Dantas fugir em seu avião particular. Gilmar precipitou-se e perdeu a serenidade quando a Polícia Federal incluiu seu homônimo na lista de criminosos da operação Navalha – qualquer semelhança é mera coincidência.
Do topo onde se encontram, não estão imbuídos da necessidade de se resguardar a credibilidade das instituições públicas e assim contribuem para cristalizar o juízo popular de que a Justiça é portadora de preconceito de classe social, proclamando nas ruas que o STF significa Soltamos Todos os Facínoras. É nisso que resulta privilegiar o acessório e aliviar o principal, preocupados com a espetacularização das prisões, incompatíveis com o Estado de direito, quando abusam das algemas e humilham figuras ímpares em privatizações que não foram investigadas e que os deixaram mais bilionários do que antes.
Por que não te calas? Negros e pobres podem ser exibidos de peito nu e descalços diante de jornais e TVs que não aparece um defensor público sequer! Reconheça-se a firma do parecer abalizado do cupincha do Daniel na tentativa de suborno ao delegado: “preocupa-me o juiz de primeira instância, com o Supremo Tribunal e o Superior Tribunal da Justiça tudo se resolve!”.
Está em curso uma guerra ideológica entre o governo Lula e os que execram o populismo. Entre governar e fazer obras e fazer da obra uma propaganda. Entre mandados de prisão que lembram o regime soviético e um Lula ansioso em apagar o mensalão da memória de seus concidadãos e provar que não existem mais intocáveis no país. Proporcionar ao miserável a sensação gostosa de assistir pela TV ao endinheirado ser pego, vestido de pijama.
O Congresso se dividiu entre a antipatia e o desprezo, entre católicos e não tão católicos, apreensivos com a caixa-preta de Daniel Dantas se abrir e revelar as doações para campanha de políticos amigos, que viajaram no avião do bom baiano e integram a Liga da Moralidade. Ou exibir o trem pagador com o qual ele se beneficiava do esquema do mensalão e expandia seu emaranhado de empresas. Sempre com o horizonte focado no balcão de negócios, na compra e venda de almas que lhe proporcionem o maior lucro. Os poderes estabelecidos constituem um mero jogo para se manipular e refletir a mediocridade de uma personalidade todo-poderosa, amoral e sem vestígios de restos humanos. 
Não é por outro motivo que Daniel Dantas tem que ficar em liberdade. Se ele der com a língua nos dentes, a República pode se desmoronar em sua integridade e caráter. No entanto, vai que cai um temporal e o dissolve, diante de tanta falta de conteúdo. Por que, então, não fazer juízo de nossa Justiça? O juiz Gilmar Mendes está absolvido e pode se retirar do recinto.

Antonio Carlos Gaio:
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