Toda trabalhada na decepção,
ela disse “não” pro cara,
de cara,
na maior marra.
Mas o sujeito não se fez de rogado
e, todo bem-humorado,
insistiu várias vezes,
até que depois de meses,
ela aceitou o convite
toda trabalhada no palpite
de que não ia dar certo.
Toda trabalhada na carência,
ela se entregou às indecências
de cara
e fez a farra.
Para tudo que eu vou repetir.
É, é mesmo isso aí.
E foi tudo lindo.
Tudo muito bem-vindo.
Acabou a noite.
Veio a luz do dia.
Não rolou nem um “bom dia” online.
Toda trabalhada na frustração,
fingiu que não era com ela,
mas a janela do chat dela
ficou aberta o dia inteiro.
Todo trabalhado na liberdade,
ele nem “tchum”.
E assim mais um dia,
mais dois e mais um.
Final de semana de novo.
Toda trabalhada na ansiedade,
ela mandou um “oi”.
Ele zero.
Ela enviou um sorriso depois.
Ele visualizou.
Mas não respondeu.
Foi aí que fu…
Eu não queria estar no lugar dele.
Toda trabalhada no orgulho ferido,
ela chamou o cara de bandido pra baixo.
Foi mais ou menos assim,
eu acho.
Todo trabalhado no susto,
e ela no surto,
rolou um bloqueio.
Com alguns impropérios no meio.
Toda trabalhada na frustração
ela disse “não” pra todos os outros caras
sempre de cara.
E a história se repetia.
Nunca vinha o “bom dia”.
Só aquela agonia,
a briga e o bloqueio.
Ela se achava forte.
Dizia não ter sorte.
Até que um dia desistiu.
Nunca mais um “sim”.
Ela só dizia “não”.
E fim.