Num grande arco que vai da direita à esquerda, à elite se somam os mais intelectualizados, imbuídos da preocupação de que o sistema de cotas irá roubar vagas de seus filhotes queridos nas universidades públicas. Disseminando o boato racista de que estudantes negros não seriam capazes de acompanhar as aulas e nivelaria por baixo o acesso ao ensino superior, arranhando o sagrado princípio da meritocracia. Todos de olho na universidade gratuita. A manutenção dos mesmos privilégios que condenam em senadores de tempos republicanos. Por se considerarem mais bem dotados para alcançar o topo da pirâmide. A reação ao regime de cotas é de igual conteúdo ideológico ao do escravagista diante da abolição. Estendido aos alunos egressos de escolas públicas, conclui-se que são beneficiados que dificilmente chegariam ao ensino superior. Os demos e a Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino arguiram no Supremo Tribunal Federal a preferência pelos estudantes pobres e as cotas para negros ofenderem a noção de que todos são iguais perante a lei. O ministro Carlos Ayres Britto já adiantou seu voto memorável, lembrando o Rui Barbosa de 1921: “Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real”.
Um Comentário para TRATAR DESIGUAIS COM IGUALDADE É DESIGUALDADE FLAGRANTE