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“TRUMBO – LISTA NEGRA”

Trumbo: Lista Negra

É o tipo do filme em que não se sabe se é o personagem da vida real, o roteirista Dalton Tumbro, que exerce um fascínio inolvidável por sua trajetória ao enfrentar a decantada democracia americana que desencadeava uma implacável caça às bruxas, ou se é o desempenho excepcional do ator Bryan Cranston a merecer um Oscar, se os contendores não formassem o time seleto de Leonardo DiCaprio, Michael Fassbender, Matt Damon e Eddie Redmayne (a garota dinamarquesa). Em 1947, Dalton Trumbo e outros nove diretores e roteiristas foram acusados pelo Congresso de infiltrar ideias comunistas na indústria de cinema. Após ser condenado a onze meses em uma prisão federal, passou a integrar a primeira lista negra de Hollywood. Juntando-se a outros cidadãos de diferentes segmentos sociais, que ficaram desempregados, faliram ou tiveram que se suicidar. Muitos que testemunharam contra os seus companheiros de profissão logo caíram no ostracismo e passaram a ser evitados pelos ex-colegas. Entretanto, Trumbo sempre defendeu que aqueles que testemunharam sob pressão do Congresso e dos chefões de estúdios eram igualmente vítimas da caça às bruxas. Em liberdade, Trumbo passou a escrever roteiros usando pseudônimos. Ganhou o Oscar de melhor roteiro original pelo filme “A Princesa e o Plebeu” (1953) e “Arenas Sangrentas” (1957), sem ninguém saber que ele era o autor – primeira vez que um Oscar não foi reclamado. Com o apoio do diretor Otto Preminger, Trumbo recebeu crédito pelo filme “Exodus” em 1960. Logo em seguida, Kirk Douglas tornou público que Trumbo escreveu o roteiro de “Spartacus”. Isto marcava o início do fim da lista negra para o roteirista. Passou a ser creditado em todos os roteiros seguintes que escreveu, tais como “Adeus às Ilusões” (1965). Termina-se o filme com a sensação de como pôde este homem, apesar de muito inteligente, ter aguentado toda essa pressão? Do mesmo país que, 10 anos antes, convidou Charles Chaplin a se exilar na Suíça por ter denegrido a imagem de Hitler no “Grande Ditador”. Igualzinho aos nossos analfabetos políticos, que também agiriam assim.

Antonio Carlos Gaio:
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