A invasão do Capitólio pelos asseclas de Trump, que os instigou a destruírem valores seculares da democracia americana num acerto de contas do nível de um gângster, como vingança a ter sido derrotado nas eleições para Biden. Trump se enfureceu com a votação maciça pelo Correio, obrigada pela pandemia, que alegou fraudada. Quando ele mesmo estimulou a todos votarem mais de uma vez se utilizando da cédula eleitoral a ser postada, para depois questionar o resultado sem prova alguma. Usou sua rede na internet para espalhar mentiras. Dividiu o país ao mover mais de 60 ações judiciais em todo o território. Pressionou autoridades para manipular os votos de que precisava para vencer. A inexistência de um aparato ostensivo de forças de segurança para um dia importante como esse, deixando os terroristas domésticos passarem pelas cercas de controle, levou à inevitável comparação com os protestos antirracistas duramente reprimidos pela Guarda Nacional e o policiamento local. Ou seja, um tratamento privilegiado para os supremacistas brancos ao contrário dos afro-americanos. Quando se viu na iminência de ser banido da política por insanidade, renegou seus apoiadores e tentou voltar atrás. Enquanto isso, o general Pazuello, mestre de obras do Bolsonaro encarregado de protelar a vacinação, reapareceu depois de um sumiço de 12 dias, anunciando vacinas a dar com pau de modo a esvaziar a iniciativa do governador Dória. Mas se dirigindo a nós num tom com que os militares de patente superior costumam tratar seus soldadinhos, repreendendo os repórteres com “A gente repete, repete, repete e a notícia sai distorcida”, e proibindo a imprensa de analisar os fatos, mandando ver: “me mostre quando foi que um brasileiro delegou aos redatores a interpretação dos fatos, nós não queremos que a mídia fique a dizer o que é ou que não é”. Confundindo o país com batalhão ou quartel, liberdade de expressão com ordem unida, logística com o autoritarismo próprio de sua formação, o general primata Pazuello não entende nada de comunicações e muito menos é médico para cuidar da saúde nacional. Custa caro e sujeita-se a altos riscos, tal como ocorre na transmissibilidade da pandemia, cuidar da democracia, seja nos Estados Unidos ou no Brasil.