Mesmo tendo sido por demais estatizada para o gosto das viúvas de Roberto Campos ou dos adeptos do decadente FMI, os tucanos comemoraram a privatização dos aeroportos de Guarulhos (SP), Viracopos (Campinas) e Brasília como uma derrota do PT, desafiando-o a nunca mais usar o santo nome da privatização em vão nas campanhas eleitorais. Seria o fim do confronto ideológico entre Corinthians (identificado com Lula) e São Paulo (representando a elite), com o PT destilando rancor em torno da privatização e o PSDB acuado num canto? Mas que privatização é essa se o governo (Infraero) mantém o controle de 49% dos aeroportos e financia (BNDES) 80% dos investimentos que serão feitos nos aeroportos? Na qual os grupos privados são excessivamente dependentes do Estado, cujo custo do dinheiro financiado é mais barato. Se a oferta vencedora por Guarulhos, que alcançou mais de 16 bilhões de reais, saiu dos fundos de pensão de categorias historicamente ligadas à CUT: petroleiros (Petrobras) e bancários (Banco do Brasil e Caixa Econômica). É uma privatização com sabor de capitalismo de Estado. Extinguiram-se as estatais para, pouco a pouco, a participação estatal voltar a ser decisiva na iniciativa privada. O Estado como indutor do empresário para investir nos setores que o país mais carece. A China serve de exemplo para contrariar a ótica da liberdade econômica que por vezes deriva para o capitalismo selvagem, o tal que pouco se importa com a saúde do povo. Privatizar vai continuar sendo a palavra de ordem dos tucanos enquanto continuarem alinhados com o modelo americano, contrastando sobremaneira com a privatização do PT, que adota o capitalismo de Estado. Não adianta Elena Landau decretar o fim do confronto ideológico entre PT e PSDB em termos de privatização porque as diferenças prosseguem gritantes e não conciliáveis.