Mônica Serra, em campanha para o marido em Nova Iguaçu (Rio), bateu na mesma tecla para convencer os eleitores evangélicos a não votarem em Dilma, por ela ser a favor de matar criancinhas. A mulher de Serra tentou se explicar usando cores muito, muito fortes, para pintar Dilma como a favor do aborto e, portanto, não merecedora do voto evangélico. De tanto se inflamar em defesa de ideias tão progressistas, Mônica ficou vermelha igual à cor do diabo, em coerência à fonte inspiradora. Lembrando-nos do tempo em que o comunismo se reproduzia pelo mundo como praga e os anticomunistas, para conter a onda, espalhavam que os comunistas comiam criancinhas. Não é igualzinho ao que Giuseppe Tomasi di Lampedusa previu em seu romance “O Leopardo”? Quando pôs os pingos nos is da decadência da aristocracia siciliana nos idos do século 19: “tudo deve mudar para que tudo fique como está”. O que significa andar para trás, destoante em tucanos que se julgam modernos cosmopolitas. Como pode Serra ter se asilado no Chile, casado com mulher chilena e, com o correr dos anos, Pinochet invadir sua mente e convertê-lo em “Serra é do bem”?