O partido de Serra tem enormes dificuldades em promover um debate interno para saber onde errou na derrota para uma candidata sem tradição. Atribuir ao prestígio e à força de um cidadão brasileiro, pobre, que se constituiu na maior liderança do país, é tró-ló-ló de quem tentou rebaixar Lula nos últimos 8 anos. Se subestimou é porque já discriminava antes. Se o PSDB não conseguiu formar experiência de debate programático com tantos acadêmicos, expert, colunistas políticos e se tem mais caciques do que base, é elementar, meu caro Sherlock: não existe uma tradição democrática no seio do partido e os candidatos resultam de conchavos políticos. Portanto, não havendo qualquer iniciativa anterior de agregar as diversas correntes que todo partido normalmente deve conter, como Aécio Neves pretende discutir uma refundação do PSDB? Num gesto dissimulado de libertar os tucanos do jugo paulista. O PSDB somente adquiriu sua verdadeira cara e ideologia ao longo do governo de FHC, quando foram sendo assumidas como suas políticas a globalização, a privatização de estatais, a responsabilidade fiscal e a redução do Estado. A refundação do PSDB passa por uma cirurgia plástica no seu narizinho empinado: o de achar que o eleitorado mais dependente e menos crítico votou no PT, enquanto o mais crítico e menos dependente tende a preferir a inteligência superior dos tucanos.