Quando o filho esquizofrênico assassina o pai, o maior documentarista de nosso cinema, o octogenário Eduardo Coutinho, é o cinema brasileiro que colhe as facadas e sangra de tristeza. Quando o renomado ator de “Capote”, que lhe deu o Oscar, Philip Seymour Hoffman, é encontrado morto com uma seringa no braço, vítima de overdose de heroína, é o cinema castigado quando eleva o ator ao estrelato para depois eliminá-lo sem dó nem piedade, se não lidar bem com o ego. Woody Allen, que é o próprio cinema, foi atingido por sua filha adotiva com Mia Farrow, Dylan, com acusações de abuso sexual que teria sofrido do diretor aos 7 anos de idade. O fato de Dylan ter adotado o sobrenome da mãe reforça a hipótese de lavagem cerebral, levantada por outro filho de ambos, justamente no momento em que Woody Allen é reconhecido e premiado pelo conjunto de sua obra – aliás, tardiamente – e por seu último filme, “Blue Jasmine”, que vem sendo aclamado por onde é exibido. Como sempre, a arte do cinema em estranha simbiose com a realidade.