Viola Davis, premiada com o justíssimo Oscar de melhor atriz coadjuvante, e Denzel Washington, por sua vez, injustamente não premiado, nos brindaram com uma performance de nos deixar com queixo caído. Como podem ambos contracenar tanto, esbanjando talento? Obrigando a nos transportar para a tela e nos fazendo viajar na máquina do tempo até o início dos anos 1950, recordando os preconceitos, a sujeição da esposa ao marido, o filho não poder seguir seu rumo sem passar pelo crivo do pai, ser músico é sinônimo de vagabundo, a usual pregação moral do chefe de família em contraste com o sustento de outra mulher fora do casamento, as Forças Armadas como referência para um bom emprego, e o horror a se enquadrar nesse modelo de casamento para quem tivesse um mínimo de lucidez à época. E daí se é uma verborrágica peça de teatro filmada? Se o autor e dramaturgo August Wilson morreu em 2005, deixando pronto o roteiro para o filme. Descubra indo ao cinema o que isso quer dizer, bem como o título em inglês, “Fences” (cercas). Só se for para proteger a casa quanto à chegada abrupta da morte levar o quanto antes o inferno retratado no quintal daquela casa.