a intolerância gera ânsia de vômito
mas pessoas não são lactose
que a gente pode cortar
prefiro então tentar
olhar pra dentro de mim
observar por que me sinto assim
e me colocar no lugar do outro
eu não vivi como ele
não tive a mesma família
nem a mesma história
na minha memória
há outros tipos de lembranças
posso alimentar minha ignorância
sobre o que desconheço
ou aprender um pouco
mas se eu simplesmente
bloquear, agredir, esquecer e sair dali
vou continuar a ser um tosco
que vive na sua bolha
eu tenho escolha de não me magoar
mágoa há quando me afeto
pelo que no outro desperto sem perceber
inconscientemente fiz aquilo acontecer ou não
para que me doer quando é só dele a confusão?
a gente personaliza demais a dor de todos
e leva pro próprio corpo
como se fosse pessoal
não é
como eu te trato muitas vezes
tem mais a ver com como me trataram a vida toda
e não com o que você me fez
percebe a insensatez?
é muito difícil conhecer os porquês
talvez seja mais fácil observar sem julgar
antes de gritar de volta e aumentar a revolta
de quem nem se tocava que você existia
mas em sua agonia te maltratou
agora que você revidou, ele criou motivo
e era isso que era preciso
pra continuar cultivando
a raiva que ele sempre tem
hum… será que eu e você já fizemos isso também?
quando vier aquela vontade de não tolerar
de eliminar do corpo sua ânsia
que tal respirar com calma
acarinhar sua alma e esquecer a vingança?
se impor com amor e com respeito faz parte
mas é muito diferente de quem parte pra briga
entendeu o “rolê”?
da próxima vez, se liga, bebê.