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VIRA-CASACA

O marketing no lugar do político para elegê-lo em campanhas irresponsáveis e depois convencer o eleitorado com a propaganda do governo que seus atos e atitudes não mancharam sua reputação.
A versão é mais importante que os fatos, em que o erro pode ser transformado em acerto.
Tamanha drenagem de recursos para publicidade a transformou na principal agente corruptora do regime democrático, superando as grandes empreiteiras, ao exorbitar nos preços e na capacidade de gênios que douram a pílula do presidencialismo de cooptação: o que partilha o Estado para estabilizar o poder, não distinguindo a coisa pública do negócio privado, através de contratos publicitários que financiam partidos políticos e molham a mão de gatunos que não têm pejo de nos saquear com a mesma desfaçatez de um pivete que nos alivia do celular.
A tal da governabilidade exigia que o tamanho da base parlamentar do governo ficasse vinculado à distribuição de empresas públicas para partidos políticos. Se o esquema já fazia parte da cultura política, tem que apurar, conforme recomenda o criminalista FHC, para que erros do passado não sirvam de desculpa para erros do presente.
A grande surpresa foi a pobreza doutrinária na ação governamental petista, quando arrotavam que bastava um peteleco na tosca arquitetura das relações socioeconômicas. Preferiram não hostilizar o Parlamento e fizeram crescer seu braço fisiológico, obrigando o presidente Lula a se refugiar nas suas origens, num disparate completo por sua política econômica ter levado a classe dos banqueiros ao paraíso.
A ponto de indignar o performático FHC, que reclamou do plágio e do vira-casaca, buscando na profundidade a crítica: as pessoas devem assumir uma posição na vida.

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Antonio Carlos Gaio
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