Quem disse que estar cercado de pessoas é garantia de ter amigos? O caderno de telefones ou o celular recheado de números significa não faltar gente que queira sair contigo e preencher seus espaços vazios? Ter um mundo de gente a quem recorrer significa pessoas capazes de nos deixar inteiramente à vontade para sermos o que realmente gostamos de ser? Transparentes, mostrando nossa essência e abrindo nossa intimidade – nossos dramas, na verdade -, de forma que o amigo seja um autêntico irmão e não apenas um colega de farra, com quem você possa trocar ideias, sem competir ou achar que é melhor que seu adversário. Poucos são os seres humanos que diminuem ou cessam o efeito corrosivo de nossa solidão. A solidão malfazeja. A solidão que nos angustia e direciona nosso olhar para o teto. A solidão que deprime e pede um amigo com o qual não precisará mentir ou construir uma nova versão ou usar uma máscara. Poderá abrir seu coração e revelar seu espírito necessitado de conversações para que ambos se encorajem a encontrar o amparo de que tanto carecem.
Isso significa encontrar riqueza de propósito e de caráter, que atrai os abutres desejosos de dar um fim a qualquer laivo de harmonia e sinceridade, invadir seu terreno, emporcalhá-lo, senão apossar-se sob o iníquo pretexto de que, a existir fraternidade, somente se regida por sua majestade nefasta. A erva daninha que não suporta ver flores vicejando, espargindo vitalidade, para logo não resistir e vir a murchá-las, matando-as com a inveja, pois refletem uma luz que afasta o ar sombrio. Para bem longe. O ar com que tentam poluir e estragar qualquer movimentação sadia em busca de podermos confiar nas pessoas que nos cercam.