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VOCÊ ME FAZ PERDER O MEDO

Eu nunca conheci ninguém que tivesse tanta confiança nas próprias verdades quanto você. Por você ser um homem que está tendo a coragem de ir ao encontro do tempo esperado, transformando sua energia em criação. Desejar um montão de coisas boas para você, eu desejo, mas acho que você não precisa. Nunca conheci ninguém com sua sensibilidade, luz e energia. Te amo pelo que você é, pelo que você me ajuda a ser e pelo que somos juntos. 
Sem querer saber onde isso vai dar, e sem tentar avaliar e compreender a situação, quero ser sua companheira nessa trajetória de ir ao encontro do que a vida tem a nos oferecer. Sei que essa opção envolve riscos. O risco de vir a sofrer muito pela dor de uma grande perda. Mas prefiro deixar que meus sentimentos fluam livremente. Você desperta em mim um turbilhão de desejos, carinho, atração, paixão, medo, respeito, admiração, amor, curiosidade. Conter tudo isso é como tentar reaprisionar um gênio que acabou de escapar da lâmpada. Melhor correr o risco. Ele vale por tudo que venho ganhando em nossos encontros, dos quais saio plena. Você me faz bem. E não tem qualquer responsabilidade sobre a minha opção. Pois com você, a vida se torna diferente! Não fica mais a mesma.    
Tenho vivido cada encontro como se fosse o único, mesmo porque sinto que cada um se fecha em si próprio. Você me faz viver como se eu estivesse numa viagem para a qual, com certeza, eu já vinha me encaminhando há muito, muito tempo, de modo a poder te dizer hoje que você vem me transformando numa mulher solta, vibrante e intensamente feliz.
Não se assuste com as minhas emoções. De minha parte, nunca haverá cobranças porque nunca nos impusemos promessas por cumprir. “Quero chegar perto de você” foi só o que me disse e funcionou como senha para que nos aproximássemos enquanto homem e mulher – uma aproximação que antes era apenas pressentida. 
Suas avarias e o meu medo não nos permitem cogitar de fazer qualquer construção no momento. Isto é claro para mim. Construir uma relação pressupõe fazer planos e ter projetos em comum. Não é o nosso caso. Sei disso. Cada coisa dita, vivida e sentida vale só pela hora em que está sendo dita, vivida e sentida, sem o compromisso de estender a sua verdade pelo tempo. Pode parecer loucura, mas não é, uma vez que, dentro dessa instabilidade, algo acontece e deixa um lastro.        
Lembro-me, quando tentávamos nos aproximar mais um do outro e antes de pormos a mão na massa, de que eu caminhava sozinha pela praia sob o cenário de um amanhecer ensolarado. A imponência do mar se derramando sobre a areia não sendo suficiente para diluir meus pensamentos, que giravam num carrossel inebriante que não me permitia concentrar em mais nada. Caminho de ida, caminho de volta: percorri sete quilômetros de sonhos. Saí da praia feliz. Minha lua de mel com você começou ali, em Ipanema, naquele outubro primaveril que prenunciava o calor abrasador por vir. 
Fiquei pensando no que fazer, quando você se aproximasse mais de mim, para que soubesse tudo o que senti enquanto te esperava. Uma lembrança que representasse um marco? Não, eu não quero nada comprado. Quero algo que venha bem de dentro de mim. Um presente especial. Um presente que, na verdade, nunca tive a confiança de dar a ninguém. Você me faz perder o medo. É seu. Me descobrir onde ainda não me sei, valendo me ter por inteira, pedacinho por pedacinho. 
Uma boa lembrança no Dia dos Namorados.
Antonio Carlos Gaio:
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